Diante das telas

É como se sua vida fosse preta e branca e você quisesse colocar cores para pigmentar ela, mas será que você suporta essas tais cores? É preciso saber os traços certos para colorir a vida, se não pode-se acabar estragando o quadro. Sem tanto pudor a ponto de preferir deixá-la completamente em branco, ou copiando um desenho qualquer de um grande artista. Porém sem se perder no caminho, deixando de escutar a própria essência, se perdendo dela, deixando que outros tomem seu pincel e pintem na sua tela também, deixando que a sua tela se perca de você, vc a olha e não a reconhece tão pouco ela consegue te refletir e te ver.

Uma tela em branco pode ser trabalhada com os melhores pincéis, fio a fio, traço a traço e ainda assim você não escapa de chegar numa segunda-feira de manhã e sentir que errou a mão, estragou o quadro, deixou-o envelhecer, perceber que suas cores simplesmente perderam a vivacidade ou ainda tenha abusado demais do preto.

Ah aquela escuridão! Voltou a tomar conta de você? Escola da introspecção, o que ela veio te mostrar dessa vez? Estivera realmente preparado para aprender com ela a renovar essa mão de tinta, reiniciar o quadro mesmo que para isso seja preciso de uma nova tela em branco? Terás a verdadeira coragem de encarrar sua solidão fase a fase? Conseguirá transformá-la por fim em solitude?

Percebe-se por aí um mundo sofrendo, um mundo sedento, um mundo até mesmo se perdendo. As pessoas não estão felizes e pior que isso, elas na sua maioria se acostumaram com a não felicidade. Mas porquê? De quem é mesmo aquela frase: "somos quase livres isso é pior do que a prisão".

Ela se encaixa tão bem aqui! Então estamos nós novamente, diante das telas, detemos os pincéis, as tintas, o talento. O que com ele faremos? Como apresentaremos essa obra no final?